terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O Stonehenge e o tempo na Pré-História


Iniciamos nossa viagem na Pré-História, o período que antecede a utilização da escrita. Ela é subdividida em Paleolítico, Neolítico e Idade dos Metais.
O Paleolítico se estende desde o surgimento do homem até cerca de 10 mil a.C. Esse período é caracterizado pelo domínio do fogo e pelo nomadismo.
O Neolítico compreende o período entre 10 mil a.C. e 4 mil a.C. e é marcado pela revolução agrícola, onde o homem passou a intervir decisivamente no meio ambiente, passando a depender cada vez mais das mãos produtoras, e, conseqüentemente, tornando-se sedentário. Nesse período, a preocupação com a agricultura, com a pecuária e com o controle de excedentes tornou a vida espiritual mais complexa. Os ritos mágico-religiosos expressavam essa preocupação. Os menires[1] e os dólmens[2] eram monumentos que possuíam significação religiosa e faziam parte do cenário desses ritos (COTRIM, 1999).
A Idade dos Metais, uma transição entre a Pré-História e a História, foi caracterizada pelo grande avanço tecnológico que deu origem à metalurgia, substituindo, aos poucos, os utensílios de pedra por utensílios de metais. Inicialmente o cobre era o metal mais utilizado. Posteriormente, a mistura de cobre e estanho deu origem ao bronze, uma liga mais dura que o cobre. E, por volta de 1500 a.C., teve início a metalurgia do ferro. Os utensílios metálicos possibilitaram um aumento da produção agrícola e artesanal. Nesse período, as classes sociais surgiram como resultado da divisão social do trabalho (COTRIM, 1999).
A observação de ciclos naturais pelo homem pré-histórico foi fundamental para a transição do nomadismo para o sedentarismo. O primeiro ciclo natural observado foi o período claro/escuro, correspondente a dia/noite. E, no decorrer dos anos, observaram os períodos de chuva, de estiagem, os períodos nos quais as plantas floresciam e nos quais seus frutos amadureciam (MARTINS, 1998).
A ruína pré-histórica mais fascinante é um elaborado dispositivo de observação do tempo. O Stonehenge, um grande monumento megalítico localizado na planície de Salisbury[3], constituído por dólmens e menires, desafiou antropólogos e arqueólogos por muitos séculos. Somente com o desenvolvimento do método de datação com o carbono-14 foi possível estabelecer datas aproximadas para a construção desse monumento (cerca de 4000 anos atrás). A partir de observações astronômicas concluiu-se que, além de servir como santuário para mortos, o Stonehenge estava alinhado com Solstício de Verão, ou seja, no dia 21 de junho[4] os raios solares chegam verticalmente ao paralelo 23°27’N (trópico de Câncer). É o dia mais longo e a noite mais curta do ano, marcando o início do verão no hemisfério norte. Nesse dia é possível observar o nascer do sol em perfeita exatidão sob a pedra principal. Como o Sol só nascia nessa posição uma vez por ano, o Stonehenge foi utilizado para a contagem de ciclos, que tinham início no solstício de verão (JESPERSEN e RANDOLPH, 1999). A Figura 01 mostra o solstício de verão do ano de 2006.
Figura 01 – O Stonehenge num
 Solstício de Verão
                                                      Fonte: http://apod.nasa.gov

Embora o Stonehenge tenha ajudado na observação de ciclos, foi somente nas civilizações antigas que surgiram os primeiros relógios, calendários e questionamentos acerca da definição de tempo. A previsão da época ideal para o plantio e para a colheita foi o principal objetivo do estudo do movimento dos astros.


[1] Blocos de pedra compridos, levantados verticalmente.
[2] Espécie de mesa alta, feita com blocos de pedra.
[3] Sul da Inglaterra.
[4] Ou 22 de junho nos anos bissextos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário